Empreender não é fácil, e, para as mulheres, é ainda mais desafiador. Hoje, no Brasil, são mais de 9,3 milhões de mulheres empreendedoras.
O dado é animador, mas ainda há muito o que fazer para equilibrar esse jogo. Para celebrar o mês das mulheres, apresentamos a seguir uma leitura geral desse cenário e cinco dicas práticas de como fomentar o empreendedorismo feminino no país.
Vamos lá!
O cenário para as mulheres empreendedoras no Brasil
Segundo o IBGE, as mulheres representam cerca de 51,4% da população total do Brasil. Mesmo sendo maioria, a participação delas em diversos setores da sociedade ainda está muito abaixo do esperado.
Por exemplo: a participação das mulheres no Congresso Nacional. Das 513 cadeiras da Câmara dos Deputados, apenas 77 são ocupadas por mulheres, ou seja, 15%. No Senado, das 81 cadeiras disponíveis, apenas 11 estão destinadas às senadoras do país. Isso é 14% do total da casa.
No mercado de trabalho, o cenário se repete. Um estudo elaborado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (IBRE/FGV), com base nos dados da PNAD de 2021, mostrou que, desde 2012, a taxa de desemprego das mulheres é superior à dos homens. Em outras palavras, existem mais mulheres desempregadas do que homens desempregados.
Analisando os dados, notamos que, no início da pandemia, em 2020, a taxa de participação feminina no mercado de trabalho recuou para 49,45% e ficou inferior aos 51,58% registrados em 2012, quando o índice começou a ser calculado. Em 2021, houve uma leve melhora, indo para 51,56%.
Ainda assim, a participação feminina no mercado de trabalho é, ao menos, 20% inferior à participação dos homens. Quando se trata de empreendedorismo, o cenário não é diferente.
De acordo com a última pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM), realizada em 2021/2022, , dentre 47 economias mapeadas, a atividade empreendedora entre homens e mulheres é bem diferente. Quando analisamos os negócios em estágios iniciais, chamados de early-stage, aproximadamente 18% da atividade empreendedora eram de mulheres, enquanto mais de 23% eram de homens.
O contexto, como podemos notar, é bastante desafiador.
Desafios para as mulheres empreendedoras
Apesar do empreendedorismo parecer mais desafiador para as mulheres, as coisas vêm mudando gradualmente. Dados gerados pelo Sebrae mostram que há, aproximadamente, 9,3 milhões de mulheres liderando negócios no Brasil. Deste total, 45% delas são chefes de família.
Além disso, mulheres donas dos próprios negócios representam cerca de 48% do total de microempreendedores individuais (MEI), tendo maior atuação nas áreas de moda, beleza e alimentação. Existem diversos desafios que precisam ser superados para que consigamos ampliar a participação das mulheres à frente de negócios:
Preconceito
Como o mundo dos negócios ainda é dominado por homens, muitas vezes, as mulheres encontram dificuldades para captar clientes, fechar parcerias ou contratar fornecedores. No momento de negociar e estabelecer uma relação com clientes e parceiros comerciais, ainda há uma série de barreiras.
Falta de apoio
O empreendedorismo, de modo geral, ainda carece de suporte, principalmente por parte de familiares e amigos. Mas, quando se trata do empreendedorismo feminino, o cenário é ainda mais difícil. O estereótipo de que o papel da mulher é, exclusivamente, cuidar da casa e dos filhos infelizmente ainda é muito difundido no mercado.
Dupla jornada de trabalho
Para as mulheres que conseguem enfrentar o preconceito e a falta de apoio, ainda há o desafio de lidar com a dupla jornada de trabalho: tanto na empresa quanto em casa. Isso acaba se refletindo, por vezes, em negócios que não conseguem atingir todo o seu potencial, pois as mulheres não conseguem dedicar toda a sua energia ao desenvolvimento do empreendimento por conta da responsabilidade dedicada ao lar.
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Conciliar família e carreira
Dada a dificuldade que é viver constantemente em dupla jornada, o reflexo se dá em conciliar demandas da família, como cônjuge e filhos, e demandas do negócio que, convenhamos, não são poucas. Em função disto e dos estereótipos ainda muito comuns, as mulheres vivem, com maior frequência, um sentimento de culpa quando priorizam o empreendimento.
Medo do fracasso
A consequência de tudo isso é lidar com um constante medo de fracassar. Não se trata do medo comum que ronda o empreendedor, muito mais ligado ao desafio de iniciar um negócio. No caso das mulheres, já vem cercada de expectativas de que o negócio vai fracassar, pois, por exemplo, “não é o lugar dela” e, assim, muitas abandonam o desejo de empreender antes mesmo de iniciar.
Vimos que as mulheres enfrentam diversos desafios no mundo do empreendedorismo. Por isso, é fundamental contar com soluções que facilitem cada vez mais o dia a dia delas.
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Como podemos estimular o empreendedorismo feminino
De Luiza Trajano às mais de 500 mil mulheres que já foram capacitadas e apoiadas pela Rede Mulher Empreendedora (RME), todas enfrentaram os desafios descritos acima, mas também tiveram algum suporte para seguir o sonho de empreender, abrir seu próprio negócio e, por vezes, inovar.
“O crescimento do número de empreendedoras e mulheres na liderança das empresas não é somente um fator para o empoderamento feminino, como também é uma necessidade de negócio, de evolução social e de crescimento econômico. Se as mulheres já persistem e brilham em ambientes masculinos, imaginem o que podem fazer em ambientes que as acolham? O primeiro passo para vermos a mudança é simples: dê espaço para uma mulher”, comenta Priscila Mello, gerente de Marketing Analytics da BizCapital.
Eis, a seguir, cinco maneiras práticas que todos nós podemos aplicar para estimular o empreendedorismo feminino.
Comprar produtos ou serviços de negócios liderados por mulheres empreendedoras
A maneira mais prática e efetiva que podemos estimular esses negócios e ajudar as mulheres a prosperarem é consumindo de suas empresas. Como dizem os economistas, o consumidor tem um super poder: o da escolha.
Indicar negócios liderados por mulheres para amigos e familiares
O marketing é a alma do negócio. E algo que todo empreendedor almeja é que as pessoas indiquem seus produtos e serviços. Essa comunidade de consumidores que se forma em torno das empresas é algo muito poderoso para estimular o sucesso dos negócios. Portanto, você pode fomentar isso ao indicar para as pessoas do seu círculo.
Leia mais: saiba o que é e-commerce e confira dicas para usá-lo a seu favor
Dividir tarefas domésticas e cuidados com a família
Para aqueles que possuem mulheres próximas que são empreendedoras, seja você pai, irmão, cônjuge ou filho, dividir tarefas domésticas para evitar a sobrecarga, a dupla jornada e a dificuldade em conciliar a família com a carreira é um ponto fundamental.
É o que os economistas chamam de “win-win”. Todo mundo sai ganhando: as mulheres não ficam sobrecarregadas e os familiares conseguem ter uma vida doméstica mais organizada. Utilizar ferramentas que auxiliem na organização do empreendimento, como um planner, por exemplo, é uma ótima maneira de otimizar o dia a dia.
Preparamos um modelo de planner pra auxiliar nessa organização:
Apoiar os estudos e a busca por novos conhecimentos
Como diria o filósofo Francis Bacon, “conhecimento é poder”. Ninguém cresce ou evolui sem conhecimento. Em uma era na qual estar atualizado é fundamental, nenhum negócio pode ser bem sucedido se não acompanhar as mudanças do mercado.
Assim, outra forma prática para apoiar o empreendedorismo feminino é dando suporte para que as mulheres continuem se capacitando e buscando novos conhecimentos.
Leia mais: como ter e testar novas ideias de negócio
Celebrar as pequenas conquistas de mulheres empreendedoras
Por fim, comemore cada nova conquista, cada passo dado em direção ao sucesso do negócio, por menor que seja. A celebração de cada conquista demonstra apoio e alegria genuína.
E aí, entendeu como apoiar mulheres empreendedoras? Então, salve esse post nos seus favoritos, compartilhe essa informação com a sua rede de contatos e bons negócios para você 😉
André Galhardo é economista-chefe da Análise Econômica Consultoria, professor universitário nos cursos de Ciências Econômicas, Administração e Relações Internacionais, coordenador do Grupo de Pesquisa DEPEC da UNIP e Mestre em Economia Política pela PUC-SP. Possui ampla experiência em análise de conjuntura econômica nacional e internacional, e é autor do livro “O Salto do Sapo: a difícil corrida brasileira rumo ao desenvolvimento econômico”
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