10 nov 2022

Entenda como está a economia do Brasil hoje

Confira a situação econômica do país nesse pós-eleição e muito mais.
Entenda como está a economia do Brasil hoje

Acompanhar como está a economia do Brasil hoje e as previsões de indicadores econômicos pós-eleição pode ajudar muito seu negócio a médio e longo prazos. Mais do que isso, permite que você se antecipe e identifique oportunidades antes de outros competidores.

Afinal, alguns desses indicadores certamente impactarão o planejamento empresarial do seu negócio, seja em custos de fabricação, fretes de mercadorias e até mesmo importações. 

Pensando nisso, trouxemos informações e perspectivas relevantes de cinco dos principais indicadores de nossa economia: o PIB, a inflação, o mercado de trabalho, a taxa de juros e a Selic, além do câmbio.

Quer saber como está a situação econômica do Brasil hoje? Então, vem com a gente!

Atividade econômica, crescimento e desaceleração do PIB 

O temido ano de 2022 chegou e trouxe muitas surpresas para a economia brasileira.

O termo “temido” porque este ano foi marcado por eleições presidenciais. E, conhecendo um pouco da nossa história e dos últimos embates políticos, esperávamos por muita volatilidade e uma disputa intensa que acaba afetando os chamados macroindicadores.

Para começar a entender como está a economia do Brasil hoje, precisamos olhar para trás. Ocorre que o primeiro semestre foi marcado por forte valorização da moeda brasileira e um movimento de retomada interessante, sustentado principalmente pela injeção de recursos por parte do governo.

O PIB brasileiro respondeu bem aos estímulos econômicos e à suspensão das medidas de distanciamento social. Também vimos um crescimento acima do esperado no primeiro e no segundo trimestres. O resultado da primeira metade do ano foi bom o suficiente para fazer a nossa economia crescer mesmo que a atividade econômica fique estacionada este semestre.

Bem, essa é uma parte da história. A outra parte é muito menos interessante.

Com a Selic em 13,75% e com a desaceleração da economia mundial, a expectativa é de forte desaceleração do produto interno bruto nacional.

Não que estejamos esperando por uma crise. Nada disso! Mas esperamos, sim, por uma perda de ritmo muito marcada e perceptível, principalmente, entre o terceiro trimestre deste ano e o segundo trimestre de 2023.

Mercado de trabalho

O mercado de trabalho foi um dos grandes responsáveis pelo bom desempenho da economia do Brasil nos últimos meses.

De modo muito resumido, além dos estímulos feitos pelo governo, a chamada normalização do setor de serviços tem produzido um forte volume de contratações e essa melhora no mercado de trabalho causou uma espécie de círculo virtuoso para a nossa economia.

A retirada das medidas de distanciamento social permitiu que o maior setor da economia voltasse a funcionar em plena capacidade. Isso, sem dúvida alguma, responde a grande parte da boa performance da economia do Brasil no primeiro semestre.

Não por acaso, segundo o IBGE, em agosto de 2022 o setor de serviços operava 10% acima do nível visto antes da pandemia.

Portanto, essa normalização do setor de serviços contribui para o aumento das vagas de trabalho formal. A volta das pessoas às suas atividades cotidianas também tem influenciado no volume de pessoas em ocupações informais.

Considerando a expectativa de desaceleração da economia brasileira, é esperado um abrandamento do ritmo de novas contratações e melhora na taxa de desemprego

Em setembro de 2022, a taxa de desocupação era de 8,7% e o Brasil deve encerrar 2022 com cerca de 8,3% de desocupados.

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Inflação na economia do Brasil e IPCA

O corte de impostos federais e estaduais sobre os preços dos combustíveis foi o grande momento da economia brasileira neste ano.

Depois que a inflação oficial alcançou o nível mais alto em cerca de 19 anos, o governo não viu outra alternativa a não ser diminuir os preços na base da canetada. O corte de ICMS sobre os combustíveis e outros bens essenciais criaram um movimento forte de deflação que ajudou a reduzir os preços no país.

Depois dessa manobra governamental, a descompressão dos preços dos alimentos colaborou em alguma medida para o arrefecimento da inflação doméstica.

No entanto, apesar do declínio significativo da inflação, o Brasil não deve conseguir cumprir a meta de inflação. A estimativa do mercado é de que a inflação anual encerre 2022 muito próxima de 5,60%, acima do teto da meta, estabelecida em 5,00%.

Apesar dos recentes bloqueios em estradas brasileiras, o impacto desse desajuste logístico não deve desfazer a tendência de desinflação em curso. A tendência é de que a inflação continue em queda até o meio do ano que vem, antes de assumir nova postura de alta.

Juros e taxa Selic

Diante da inflação mais alta em quase duas décadas, o Banco Central do Brasil se viu obrigado a aplicar a chamada política monetária contracionista.

A política monetária tem esse nome porque restringe o acesso ao crédito e tende a contrair o nível de atividade econômica.

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A autoridade monetária brasileira promoveu o ciclo mais longo de aumentos de juros no país e colocou a Selic em 13,75%, um dos patamares mais elevados nos últimos 18 anos.

Para ter certeza de que os juros elevados trarão a desinflação, ou seja, para garantir que a Selic ajude a diminuir os preços aos consumidores, o Banco Central deve manter a Selic neste atual patamar até, pelo menos, junho de 2023, quando deve ter início o ciclo de cortes de juros por aqui.

A expectativa é de que a Selic termine o ano em 13,75%, 2023 em 11,25% e 2024 em 7,75%.

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Dólar

A moeda brasileira começou o ano de forma surpreendente. Contrariando a maioria das projeções feitas pelo mercado, o real foi ganhando força em relação ao dólar mês após mês e chegou a se consolidar como a moeda com maior valorização no mundo.

É certo que as pessoas fiquem entusiasmadas com as recentes valorizações da moeda brasileira, sobretudo após ver como está a economia do Brasil depois de encerradas as eleições presidenciais.

Mas não é bem assim. O grande problema é que, apesar dessa tendência de valorização do Real no curto prazo, quando olhamos mais adiante, a tendência é de desvalorização da divisa nacional.

Isso acontece basicamente por um motivo: a elevação dos juros nos países desenvolvidos.

Como a escalada recente de preços foi um fenômeno global, os bancos centrais dos Estados Unidos e da Zona do Euro decidiram aumentar o ritmo de aperto monetário. Os Estados Unidos, por exemplo, aumentaram a taxa de juros em 0,75% pela primeira vez em cerca de 30 anos. Na verdade, já fizeram aumentar dessa magnitude em três reuniões seguidas.

E, por mais que o mercado agora aposte em moderação na magnitude destes ajustes de juros por lá, a tendência é de que venham mais dois ou três aumentos.

Bem, quando a taxa de juros dos Estados Unidos sobe, principalmente com a força com que tem subido, o valor das moedas chamadas de não-conversíveis cai, como no caso do Real.

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Como fica a economia do Brasil?

Apesar de termos que ajustar contas públicas, pois o volume de gastos pré-eleição ultrapassou o teto, acredite, os maiores desafios estão concentrados no setor externo. 

Por exemplo, a guerra na Ucrânia, a escassez hídrica no hemisfério norte e a desaceleração da economia mundial representam riscos relevantes à economia do Brasil.

Parte importante da nossa economia depende do bom desempenho da economia global, haja vista que somos grandes exportadores de commodities agrícolas e minerais. Assim sendo, uma desaceleração simultânea dos Estados Unidos, China e Europa deve impactar os nossos negócios em alguma medida.

Apesar disso, não há, neste momento, um risco de recessão para a economia brasileira. No nosso radar está um movimento já bastante aguardado de desaceleração da atividade econômica.

Nossa estimativa, em novembro de 2022, é de que a economia brasileira cresça 2,8% este ano e cerca de 0,8% em 2023.

Confira como está a economia do Brasil.


André Galhardo é economista-chefe da Análise Econômica, professor universitário nos cursos de Ciências Econômicas, Administração e Relações Internacionais, coordenador do Grupo de Pesquisa DEPEC da UNIP e Mestre em Economia Política pela PUC-SP. Possui ampla experiência em análise de conjuntura econômica nacional e internacional, e é autor do livro “O Salto do Sapo: a difícil corrida brasileira rumo ao desenvolvimento econômico”.

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*Texto originalmente publicado em 23 de maio de 2022.

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