Ter uma gestão financeira eficiente é uma peça-chave para o sucesso do seu negócio. Por esta razão, um descuido que envolva suas receitas e obrigações pode trazer problemas difíceis de resolver. Uma das ferramentas mais utilizadas para uma gestão adequada dos aspectos patrimoniais do negócio é o balanço patrimonial, que é mais do que um grande ponto de atenção, mas uma questão estratégica.
Por exemplo, conhecendo bem o nível de liquidez da sua empresa, você estará pronto para enfrentar dificuldades que possam surgir em sua caminhada. Neste sentido, é muito importante que você aprenda o conceito de capital de giro líquido, um indicador que o ajudará a fazer seu negócio decolar.
Quer saber por onde começar? Então, vem com a gente!
O capital de giro líquido e a importância da contabilidade
Para entender de capital de giro líquido (CGL), é importante que você conheça um pouco mais sobre alguns conceitos primários de contabilidade. Como ela é uma disciplina bastante ampla, vamos mirar no que nos ajudará a entender e calcular o capital de giro líquido: o balanço patrimonial (BP).
O que é balanço patrimonial
O balanço patrimonial é uma espécie de demonstrativo financeiro onde constam os recursos de que a empresa dispõe, como imóveis, estoques e contas a receber. Além disso, também apresenta suas obrigações, como dívidas com os fornecedores, empréstimos e aluguéis a pagar.
O BP é dividido em duas partes igualmente importantes. A primeira trata dos ativos da empresa, ou seja, aquilo que a empresa possui e tem direito. A segunda é a parte que trata dos passivos – neste caso, as obrigações que a empresa tem com os seus fornecedores, funcionários e etc.
Tanto na parte do ativo quanto na parte do passivo, os bens e direitos das empresas estão organizados por ordem de liquidez. A ideia por trás do conceito de liquidez é literalmente a comparação com algo líquido, que escoa com facilidade.
Traduzindo a ideia de liquidez para o mundo dos negócios: trata-se da velocidade e facilidade com que algo pode ser convertido em dinheiro. Por exemplo, é bem mais fácil transformar ouro em dinheiro do que uma casa. A casa levaria mais tempo para vender, já que nem sempre há alguém querendo comprar no mesmo momento em que você quer vender, além de existirem inúmeras burocracias com documentação, escrituras, entre outros. Por isso, a venda de uma casa é menos líquida. Já o ouro pode ser convertido em dinheiro mais rapidamente, já que a venda requer menos tempo e esforço. Assim, ele é considerado um ativo com maior liquidez.
Por esta razão, o balanço patrimonial apresenta os itens dos mais líquidos para os menos líquidos, ou seja, dos mais fáceis de serem convertidos em dinheiro ou outros bens, até os que não têm liquidez imediata.
O que é capital de giro líquido?
Para entendermos o conceito de capital de giro líquido, precisamos nos aprofundar um pouco mais nas contas do balanço patrimonial.
Ativos circulantes
Na parte dos ativos, temos primeiro os registros daqueles bens ou direitos que podem ser convertidos em dinheiro mais rapidamente – em até 12 meses. Os bens e direitos, nesta categoria, são chamados de ativos circulantes. Constam nas contas do ativo circulante o caixa da empresa, as contas a receber e os estoques.
Ativos não-circulantes
Também fazem parte do grupo de ativos os chamados ativos não-circulantes, que são aqueles cujo recebimento se dará após 12 meses. Como exemplos, temos as contas a receber (com prazo superior a doze meses) e os impostos a recuperar.
Passivo circulante
Além dos ativos, o balanço patrimonial também conta com os passivos que, por sua vez, também são divididos entre circulantes e não-circulantes. Dentre os passivos circulantes, estão as obrigações que são pagas dentro do intervalo de um ano, como contas a pagar, empréstimos ou impostos a recolher.
Passivo não-circulante
Já os passivos não-circulantes, aqueles que serão pagos em um período superior a doze meses, podemos citar empréstimos e financiamentos de longo prazo, além de provisões para despesas judiciais ou imposto de renda diferido.
Patrimônio líquido
Além das contas de ativo e passivo, o balanço patrimonial também conta com o patrimônio líquido. Aqui, a palavra “líquido” assume o significado de descontado, subtraído, liquidado. Portanto, o patrimônio líquido é o saldo obtido através da conta: ativos menos passivos.
Capital de giro líquido
Agora que você já viu um pouco mais sobre o balanço patrimonial, certamente ficará mais fácil de entender o conceito de capital de giro líquido. O CGL considera somente os ativos e passivos circulantes, ou seja, este conceito parte da importância da análise do capital de curto prazo.
Para ficar ainda mais claro: o capital de giro é a quantidade de recursos necessários para que a sua empresa continue operando. No geral, do ponto de vista contábil, ele é o valor dos ativos circulantes. O capital de giro líquido, por sua vez, é o saldo do ativo circulante menos o passivo circulante.
Leia mais: como fazer uma boa gestão financeira do seu negócio
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Como calcular o capital de giro líquido?
O capital de giro líquido fornece informações valiosas sobre a liquidez da empresa porque, diferentemente do capital de giro “comum”, o CGL dá uma visão mais ampla sobre a capacidade da sua empresa honrar os compromissos de curto prazo ou de realizar investimentos, por exemplo.
Como o capital de giro líquido é um indicador de liquidez, que leva em conta os ativos e os passivos de curto prazo (circulantes), será necessário conhecer todas as contas presentes em cada um deles. De modo geral, o que você deve fazer é subtrair, dos ativos de curto prazo, o montante subscrito sob forma de passivo circulante.
Vamos supor que você tenha do lado do ativo circulante um resultado igual a R$10.000, enquanto do lado do passivo circulante, os valores somam a quantia de R$8.000. Neste caso, o capital de giro líquido será positivo em R$2.000. Isso indica boa capacidade de pagamento de curto prazo por parte da sua empresa.
O nosso exemplo de cálculo de CGL foi superavitário, ou seja, a soma das ativos de curto prazo superaram as obrigações da empresa em R$2.000. No entanto, por variados motivos, o resultado pode ser negativo. Caso isso aconteça, você precisará tomar algumas ações importantes.
Dicas para gestão do capital de giro
Se você se deparar com um resultado negativo ao avaliar o seu capital de giro líquido, a primeira coisa que deve ser feita é uma análise para entender o porquê desta situação. São muitos os fatores que contribuem para resultados positivos do CGL, como também são muitos os elementos que influenciam negativamente este indicador.
Por exemplo, uma ação comum entre os empreendedores, mas que pode ser ruim para o capital de giro é o aumento do prazo de recebimento das mercadorias vendidas. O problema, nesse caso, é que você pode acabar comprometendo o ativo circulante do seu negócio, já que ao distender muito a data de pagamento, a liquidez da empresa será prejudicada.
De modo muito simples, você estará trocando ativo circulante por ativo não-circulante. Em outras palavras, isso significa que você ficará sem caixa.
Uma forma de corrigir pontualmente este problema pode ser a negociação de prazos mais longos para pagamento de fornecedores. Dessa forma, de modo similar aos ativos, você vai trocar os passivos circulantes por passivos não-circulantes. Esta ação deve equilibrar as obrigações e os direitos de curto prazo da empresa.
Esse mecanismo de ajuste de passivo e ativo deve estar sempre na ordem do dia, afinal de contas, a liquidez de uma empresa é algo que não se negocia.
Além disso, é importante lembrar que alguns ajustes que visam resolver problemas de capital de giro líquido são, muitas vezes, ações pontuais. Neste sentido, é fundamental agir na raiz do problema e evitar esforços que trarão apenas resultados de curto prazo.
Leia também: vantagens da conta PJ digital para o seu negócio
Empréstimo PJ para capital de giro
O empréstimo empresarial pode ser aquele empurrão que faltava para o seu negócio crescer. Segundo um recente levantamento realizado pela BizCapital, o número de empréstimos PJ concedidos no primeiro trimestre de 2021 cresceu 16% em comparação com o mesmo período do ano passado. O estudo revela, ainda, que 65% dos empréstimos foram tomados para compor capital de giro.
“Muitos empreendedores buscam o empréstimo por razões erradas. O crédito empresarial pode ser uma boa alternativa para conseguir capital de giro caso você planeje expandir o portfólio de produtos ou serviços da sua empresa, comprar estoque ou investir em reformas e compra de equipamentos. Contudo, é fundamental que o pedido de empréstimo seja planejado. Algumas empresas gastam mais do que faturam e usam o crédito para postergar uma situação e não para fazer o negócio crescer. A ideia do crédito é que ele ajude a empresa a lucrar mais, não a se endividar”, explica Cristiano Rocha, diretor de crédito e cofundador da BizCapital.
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Leia mais: A BizCapital é uma empresa confiável?
E aí, aprendeu a analisar e gerir o seu capital de giro líquido? Então compartilhe essa informação com a sua rede de contatos e bons negócios para você 🙂
Esse texto foi escrito por André Galhardo, Mestre em Economia Política pela PUC-SP, economista-chefe da Análise Econômica Consultoria, professor e coordenador universitário nos cursos de Ciências Econômicas, Administração e Relações Internacionais e coordenador do Grupo de Pesquisa DEPEC da UNIP. Possui ampla experiência em análise de conjuntura econômica nacional e internacional, com passagens pelo setor público.
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*Texto originalmente publicado em 30 de novembro de 2018.