Rodeado de muita expectativa e promessas de revolução no sistema bancário nacional, o Open Banking começou em fevereiro no Brasil, com a primeira fase no dia 1/02. Agora, com o início da quarta fase no dia 15/12, o interesse no assunto foi renovado. Mas você já sabe o que é, quais suas fases e o que muda na prática com o Open Banking?
O Open Banking surgiu com a finalidade de tornar a vida financeira das pessoas e empresas muito mais simples e, de quebra, lidar com um problema no país: a concentração bancária.
E, pensando em você e em seu negócio, vamos esclarecer cada ponto dessa inovação, para você desfrutar ao máximo e conseguir aproveitar cada vantagem para a sua empresa.
Quer saber por onde começar? Então, vem com a gente!
O que é Open Banking
Open Banking, como o próprio nome sugere, é a abertura dos dados bancários dos clientes para todas as demais instituições financeiras.
Com esse novo sistema regulamentado pela autoridade monetária brasileira, seus dados bancários ficarão abertos, não apenas para o banco em que você é correntista ou tem algum tipo de relacionamento, como conta salário, poupança e demais produtos financeiros, mas para todo o sistema bancário.
Vale destacar que, assim como o Cadastro Positivo, o Pix e outras inovações lançadas nos últimos anos, o Open Banking também será opcional apenas para aqueles que optarem por compartilhar os seus dados. Mas a realidade é que o sistema traz tantas vantagens que a adesão certamente será bastante difundida.
Essa evolução do sistema financeiro nacional brasileiro visa aumentar a competição entre os bancos e instituições financeiras e, com isso, oferecer condições mais atrativas aos clientes. Há muito tempo já não faz mais sentido pagarmos os elevados juros da contratação do cheque especial ou do parcelamento da fatura do cartão de crédito que são cobrados no Brasil, por exemplo.
Neste sentido, o Open Banking não funcionará apenas como um importante aliado dos consumidores, mas a diminuição do que chamamos de assimetria de informações também deve trazer benefícios aos bancos e demais operadores do Sistema Financeiro Nacional (SFN).
“Iniciativas como o Open Banking, regras de trava bancária e meios de pagamento instantâneos como o Pix, são extremamente favoráveis à inovação, pois geram mais competitividade e expandem o mercado. Com mais dados disponíveis e menos barreiras de entrada, as fintechs vão investir cada vez mais em inteligência analítica para criar produtos e serviços customizados e seguros”, Vanessa Medeiros, head de Produtos da BizCapital.
Como funciona o Open Banking
Como mencionado acima, os operadores do SFN só poderão ter acesso aos dados dos clientes caso estes permitam o compartilhamento das suas informações com os demais bancos e instituições financeiras.
Ou seja, o Open Banking, que já está sendo implementado no país, será opcional para cada um dos cidadãos que têm relacionamento com alguma instituição bancária.
Se você consentiu com o compartilhamento das suas informações, é preciso ter em mente que, além do seu banco, os seus dados poderão ser acessados por todos os demais operadores do Sistema Financeiro Nacional autorizados a acessar estas informações.
Dentro do Open Banking, você pode utilizar uma plataforma comum que congrega os serviços de todos os bancos e instituições financeiras, de modo que você terá acesso a qualquer produto oferecido por qualquer um dos operadores que integrem o sistema.
De modo bastante simplificado, imagine que você é correntista do banco X há muitos anos – o que lhe confere algumas garantias morais, inclusive.
Agora, imagine que o banco Y ofereça serviços (como crédito, empréstimos ou qualquer outro) com um custo menor que o encontrado no banco X. O que você faz?
Provavelmente continua com o banco X e utiliza os produtos oferecidos pelo banco Y, certo? Nesse caso, você poderá, segundo palavras dos próprios representantes do Banco Central do Brasil, “montar o seu próprio banco”.
Imagine que você utiliza cerca de 10 serviços bancários atualmente. Com o Open Banking, você poderá contratar esses 10 serviços de 10 instituições distintas, se for mais vantajoso para você. E é por esta razão que o Open Banking é considerado revolucionário.
Vantagens do Open Banking
Lembra que uma das intenções do Banco Central com o lançamento do Open Banking era diminuir a concentração bancária no Brasil? Então, vamos ver como isso funciona na prática.
Mais produtos e serviços financeiros
Com o uso da plataforma comum, você certamente terá acesso a empresas menores, que trabalham com produtos específicos que podem ser ideais para o seu negócio.
Sem o Open Banking, essas empresas menores não poderiam oferecer esses serviços para a sua empresa e, caso conseguissem se aproximar, dificilmente elas o convenceriam a abandonar o banco que você já tem relacionamento para ter acesso a um determinado serviço.
Tarifas bancárias mais baixas
Se tem negócios menores atuando no mercado, as empresas dominantes precisam diminuir suas margens para garantir que os atuais clientes não migrem para essas empresas entrantes.
Cabe lembrar que, em 2020, os cinco maiores bancos do Brasil detinham cerca de 82% da carteira de crédito do país, o que representa uma das concentrações mais altas do mundo.
O aumento de bancos e demais operadores no mercado diminuirá essa concentração e exigirá dos grandes bancos tarifas mais atraentes, para que a perda de cliente não se dê de forma muito significativa, como já ocorre com as fintechs.
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As fintechs chegaram para modernizar de um modo geral o universo financeiro, seja com contas digitais ou empréstimo para empresas. Não importa a modalidade, elas estão transformando o cenário financeiro.
Autonomia
Mesmo sem o Open Banking, você já pode fazer a portabilidade do crédito de um banco para outro. Caso você tenha um empréstimo no banco X a uma taxa de 7% ao ano e o banco Y lhe ofereça uma taxa de 6%, você pode usar a portabilidade. Mas é o Open Banking é mais do que isso.
O acesso a taxas mais atrativas será disseminado porque os demais bancos conhecerão a sua capacidade de pagamento e, pelo uso da plataforma comum, esse processo todo será feito com muito menos burocracia.
Não se esqueça que, com o Open Banking, sua empresa poderá “criar o próprio banco”, contratando o que há de melhor em cada um dos operadores do mercado.
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Fases de implementação do Open Banking
De etapa em etapa, o Open Banking vai se tornando realidade. Vamos entender o que vai mudar em cada uma dessas fases.
Imagem: Banco Central do Brasil
Fase 1 – Compartilhamento de dados públicos das instituições financeiras
Esta etapa teve início no dia 1º de fevereiro de 2021 e se resume no compartilhamento de dados que já são públicos, mas que precisavam constar nesta plataforma comum.
Dentre esses dados estão os endereços de agências bancárias, produtos e serviços oferecidos pelas instituições e quanto custa cada um destes produtos, ou seja, tarifas e demais emolumentos bancários para cada tipo de serviço.
Fase 2 – Compartilhamento de dados cadastrais e transacionais dos clientes
A segunda teve início no dia 13 de agosto de 2021 e, a partir daqui, o Bacen estabeleceu o compartilhamento de dados mais sensíveis. e, a partir daqui, o Bacen estabeleceu o compartilhamento de dados mais sensíveis.
Nesta fase, os bancos estão compartilhando dados dos seus clientes, como nomes completos, números e tipos de documentos, endereços e, é claro, os dados de movimentação bancária.
Fase 3 – Compartilhamento de serviços
Essa etapa teve início no dia 29 de outubro de 2021. Nela, bancos e demais empresas do Sistema Financeiro Nacional habilitados ao Open Banking terão que fazer o compartilhamento dos seus serviços.
Essa etapa consiste em compartilhar com outros bancos, via plataforma comum, os serviços de iniciação de transação de pagamentos e encaminhamento de proposta de operação de crédito. É nessa etapa que se espera que surjam novos ambientes em que o cliente possa tomar crédito ou realizar pagamentos.
Fase 4 – Compartilhamento de dados de outros serviços
A quarta e última etapa começou no dia 15 de dezembro de 2021 e está ligada ao compartilhamento de outros serviços. A partir desta etapa, as instituições financeiras poderão compartilhar dados de produtos como investimentos, câmbio, seguros e previdência complementar aberta — que já são oferecidos em seus canais eletrônicos — de forma personalizada aos clientes
Os bancos compartilharão os dados sobre a contratação de investimentos e seguros, por exemplo.
Por ser complexa, a quarta fase está dividida em duas fases, segundo a Febraban (Federação Brasileira de Bancos):
- A partir de 15/12/2021: as instituições poderão compartilhar informações de produtos e serviços ofertados, mas não poderão envolver dados de clientes.
- A partir de 31/05/2022: dados financeiros pessoais do usuário que envolvam câmbio, investimentos, seguros e previdência complementar aberta poderão fazer parte do open banking, mas apenas se o usuário autorizar.
Lista de serviços financeiros que serão incluídos na 4ª fase: - Certificado de Depósito Bancário (CDB);
- Recibo de Depósito Bancário (RDB);
- Letras de Crédito Imobiliário (LCI);
- Letras de Crédito do Agronegócio (LCA);
- Cotas de fundos de investimento;
- Títulos públicos federais disponibilizados pelo Tesouro Direto;
- Ações;
- Cotas de fundos de índices listados em bolsa de valores;
- Debêntures;
- Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI);
- Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA).
Apesar de alguns processos só se concretizarem em 2022, a expectativa é que, a partir da quarta etapa, os clientes já tenham acesso a uma ampla gama de novas possibilidades entregues pelo Open Banking.
E aí, aprendeu o que é Open Banking e suas vantagens para as pequenas e médias empresas? Então, compartilhe essa informação com a sua rede de contatos e bons negócios para você 🙂
André Galhardo é economista-chefe da Análise Econômica Consultoria, professor universitário nos cursos de Ciências Econômicas, Administração e Relações Internacionais, coordenador do Grupo de Pesquisa DEPEC da UNIP e Mestre em Economia Política pela PUC-SP. Possui ampla experiência em análise de conjuntura econômica nacional e internacional, e é autor do livro “O Salto do Sapo: a difícil corrida brasileira rumo ao desenvolvimento econômico”.
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*Texto originalmente publicado em 02 de setembro de 2021.